segunda-feira, 9 de julho de 2007

Ana debate: Cotas Universitárias

Assunto polêmico e delicado. A política das cotas raciais é uma política que tem como objetivo combater as desigualdades onde quer que elas estejam, nesse caso, nas universidades. As cotas raciais foram implantadas inicialmente nos EUA e no Brasil em 2001, no Rio. Foi garantido até 50% do acesso para as populações negra e parda no acesso à duas universidades. Pois é, a lei foi promulgada sem nenhum tipo de debate com a população, e com razão tem causado muita controvérsia desde que foi instituída.
O sistema de cotas me parece ser algo meio contraditório, para mostrar como o governo se importa com os negros, índios e pardos que precisam estudar também. Mas isso não causaria mais discriminação ainda? Não seria uma desvalorização dessas etnias? O que é negro? Não existe um limite e nem foi inventada ainda uma máquina que meça a negritude dos estudantes de universidades. O simples fato de estar separando negros, pardos, índios e brancos em cotas já é contraditório, não só pelo fato de estarem rotulando como também me parecesse estar subestimando as etnias. Parece que não conseguiriam ingressar nas universidades sem ajuda do sistema e que assim os brancos iriam ocupar todas as vagas. Não é assim, basta querer, porque todos têm direito de estudar.
É forte ainda o que sobrou da pré-lei áurea. Ainda se vê uma grande diferença dos que não conseguiram superar o que foi condenado aos seus antepassados. Vemos mais domésticas negras, o que acaba gerando um certo preconceito e rotulação, não importa o quão boa e inteligente elas sejam. Existem lugares que não contratam negros por mais brilhantes e capacitados que sejam, e assim nasce um ciclo vicioso que vai simplesmente cortando muitas possibilidades de melhorar a vida de muita gente que merece, gente inteligente...
Auto-estima? Talvez, mas repito: basta querer. Então, antes de tomar decisões precipitadas, por que não cortar o mal pela raiz? Por que não parar para pensar antes de mais uma vez separar etnias? Se temos que dividir o mesmo planeta, o mesmo país ou universidade, algum dia as barreiras do preconceito terão de ser quebradas e a hipocrisia também. O Brasil é um país com uma das maiores taxas de miscigenação do mundo, aonde chegaríamos com cotas raciais?! Se providências não forem tomadas desde o jardim de infância não chegaremos a lugar nenhum. Não adianta só mascarar.


ANA GIRARDELLO SIROTSKY
ana_polenta@hotmail.com

9 comentários:

Unknown disse...

Não sou a favor de estabelecermos cotas, pois o real problema(como foi muito bem colocado pela Ana) não será resolvido.
Parabéns pelo artigo! Gostei muito!

Thiago Conceição disse...

a única coisa que o sistema de cotas irá fazer é incluir pessoas em uma universidade, porque pela sociedade que estamos vendo, o preconceito continuará existindo...

Anônimo disse...

Eu sou a favor de cotas, não cotas raciais, mas sim sociais. Creio que com elas iremos dar um incentivo aqueles que nunca o tiveram. Concordo com a Ana, que com cotas raciais o ciclo do preconceito vai continuando. Acho que devemos investir nas escolas públicas, e também nas cotas, já que querendo estas duas medidas, penso que para agilizar, podemos começar por aquela que já "temos". É um assunto complicado e crítico, vai sempre haver seus prós e contras, mas pensando nos que mais necessitam, e se isso vai ajudar aqueles que não são como nós e não tem o privilégio de gozar( desculpe o termo) de uma escola de bom ensino, eu sou a favor, SIM!

Unknown disse...
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Unknown disse...

O estabelecimento de cotas é preocupante. Esta discussão deve ser realizada por toda a sociedade. Parabéne pelo artigo. :-)

meh disse...

Eu acho é que todos deveriam transar até terminar da mesma cor. ponto.

meh disse...

ahue falando sério agora, o correto são as cotas sociais, até porque por mais que se intitule preconceito com pobre, o próprio conceito já é usado pra designar alguém DESfavorecido economicamente, diferente do negro, que é uma pessoa com cor de pele diferente, e unicamente afetada se dentro do contexto moralístico DA pessoa isso seja de praxe. (o que por sinal, acontece hoje em dia)

Milene disse...

Cotas nas universidades, esse nem deveria ser um assunto a ser discutido, porque é bem óbvio que não vai resolver nada, na verdade, se quiserem resolver alguma coisa vão ter que fazer um plano enorme de conscientização da população e que, realmente, vai demorar décadas. Do que adianta fazer cotas para os "negros, pardos e índios" também terem o "direito de estudar" se isso vai só fazer com que o preconceito aumente e o preconceito deles consigo mesmos aumente? Por outro lado, não podemos negar que como já existe essa enorme discriminação, a maioria dos negros, pardos e índios estudam em colégios públicos, nos quais antigamente e em algumas cidades do interior ainda servem pra alguma coisa, mas nas grandes cidades todos sabemos que o ensino é precário, portanto não adianta dizermos que não é necessário fazerem cotas nas universidades porque se eles quiserem eles entram, pois muitos já tiveram um ensino ruim, e por mais que estejam engajados em entrar em uma universidade, não conseguem.
Eu realmente não vejo a luz no fim do túnel.

PS: ÁÁ! Porque o ACONTECEU volta quando eu não estou mais? :(

Beijos, tava ótimo Ana :)

Arthur Vinicius Nör disse...
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